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Jheferson Matos Ribeiro foi preso oito anos depois da morte de Japiassu Júnior |
Mesmo com prisão preventiva decretada, o pecuarista Jheferson Matos Ribeiro, 30, vivia em liberdade nas fazendas, casas de praias e em outras propriedades de familiares. Porém, na manhã de ontem investigadores da 1ª Coordenadoria, sob o comando do delegado Fábio Lordello, conseguiu prender Jheferson numa fazenda localizada na zona rural do município de Capim Grosso, pertencente a seu pai.
Ele é acusado de matar o representante comercial Japiassu Sales Siqueira Júnior, no dia 24 de abril de 2003, com dois tiros de revólver calibre 38. Na mesma ocasião, o acusado também atentou contra a vida de Alexsandro da Cunha Sarmento, primo de Japiassu, com um tiro. Quatro dias do crime, o acusado se apresentou à 2ª delegacia, confessando-se culpado. Mas, como ainda não havia o pedido de prisão preventiva do mesmo, foi ouvido e liberado. Dias depois a prisão foi decretada, mas até o início da manhã de ontem ele estava em liberdade.
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Fábio LKordello |
A CAÇADA
O coordenador da Polícia Civil de Feira de Santana, delegado Fábio Lordello, em entrevista coletiva na manhã de ontem, afirmou para a imprensa que os policiais da Coordenadoria passaram quatro meses investigando o paradeiro de Jheferson. “Ele estava no povoado de Fazenda Volta, em Capim Grosso, um lugar deserto. Embora tenha ficado surpreso com nossa chegada, não reagiu à voz de prisão”, disse o delegado.
“Os investigadores se disfarçaram de caçadores em uma fazenda próxima, para não chamar a atenção. Ao se aproximar da fazenda onde o fugitivo se encontrava para pedir “informações e beber água” começou a conversar com o mesmo e minutos depois a voz de prisão foi dada. No local mesmo, ele nos informou que se refugiou em fazendas nos municípios de Mairi, Monte Santo e que estava em Capim Grosso há alguns meses”, informou Lordello.
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APELAÇÃO
Desde a data do crime, familiares de Japiassu Junior, principalmente o pai, Japiassu Siqueira, lutaram muito, fazendo cobranças à Polícia Civil, ao Ministério Público, à Justiça e a imprensa. O caso de Japiassu foi divulgado no dia 22 de julho de 2004, através do programa Linha Direta, que era exibido pela Rede Globo. Mesmo assim, Jheferson continuou em liberdade.
“Lutamos muito, mas, com a chegada da equipe do coordenador Fábio Lordello à Feira de Santana, pedir para alguns representantes da Imprensa que me apresentasse ao delegado. Lembro que entrei na sala dele chorando de tristeza e sair com lágrimas nos olhos de alegria, depois da conversa que tive com o delegado Fábio Lordello”, afirmou Japiassu e acrescentou, “ele me pediu calma e disse que prender Jheferson seria uma questão de honra para ele e sua equipe. Hoje, ele e sua equipe mostraram que são competentes, não apenas porque prendeu o assassino do meu filho, mas porque a cidade toda sabe o bom serviço que esses policiais vêm fazendo em Feira de Santana”, afirmou Japiassu Siqueira.
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Japiassu mostra fiha tecnica de Jheferson mostrado no Linha Direta |
AMEAÇAS
Japiassu afirmou para a reportagem que agora se sente mais aliviado, como acusado de matar seu filho preso. “Vamos torcer para que a Justiça manter ele preso e cumprir pelos crimes que cometeu. “Contudo, ainda estou angustiado, pois ficamos sabendo que certa vez o pai de Jheferson fez um churrasco em uma de suas fazendas e prometeu aos familiares que no dia em que Jheferson fosse preso mataria toda minha família”.
Japiassu disse que já denunciou esta ameaça e outras ao Ministério Público. “Agora, vou à Secretaria de Segurança Pública da Bahia, pedir segurança de vida para toda minha família”.
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Rosana Siqueira |
ALÍVIO
Rosana Siqueira, mãe de Japiassu Junior, compareceu ao Complexo Policial Investigador Bandeira, com outros familiares para agradecer ao delegado Fábio Lordello pela prisão de Jheferson. “Viemos agradecer ao delegado, a vocês da imprensa e a todos que nos ajudaram durante os oito anos de angústia sofremos. Eu adoeci, Japiassu também adoeceu. Ele não está aqui porque se recupera de duas cirurgias em casa”. Ela também disse estar “muito aliviada com a notícia. Vocês não sabem o quanto me aliviou saber que o assassino do meu filho vai pagar dentro da cadeia o crime que cometeu
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Jheferson assassinou Japiassu Junior |
DEFESA
Em entrevista coletiva à imprensa, Jheferson alegou legítima defesa. “Não me lembro bem como eu matei ele, porque faz muito tempo. Mas foi ele que veio para cima de mim com uma arma, aí revidei e ele acabou sendo baleado. Ele fazia ameaças de morte contra a minha pessoa. Eu não briguei com ele, foi ele que me agrediu. No dia do crime, eu não fui atrás dele para matar, eu estava indo para a fazenda quando o encontrei. Ele estava armado e fui surpreendido quando trafegava pela Avenida Maria Quitéria”.
O CRIME
O crime que teve como vítima Japiassu Salles Siqueira Júnior aconteceu em 2003, no dia 24 de abril, quando estava para se iniciar mais uma Micareta na cidade. Porém um ano antes do crime, de acordo com apurações da Polícia Civil, houve um desentendimento entre ele e Jheferson durante uma partida de futebol.
As informações dão conta de que o acusado tinha um comportamento considerado violento, a ponto de levar uma cadela da raça Pitibul para o campo de futebol e soltá-la. O pai da vítima Japiassu Salles confirmou as informações. “Ele ia para o campo e chegando lá perguntava para a primeira pessoa que chegasse perto:‘Você quer ver eu acabar com a alegria deles?’ Depois ele soltava uma cachorra para morder os rapazes e furar a bola. Quem falasse qualquer coisa, ele corria para casa, pegava uma das 11 armas, das quais eles tinha orgulho em ter, voltava para o campo e pedia para o rapaz ajoelhar e falar tudo o que ele mandava, ameaçando atirar ”, contou.
Num destes episódios Japiassu Júnior interveio e repreendeu Jheferson por este comportamento. “Meu filho disse para ele não fazer aquilo porque não levaria a nada e desde então ele comprou uma briga com meu filho. Jheferson jurou que iria tirar a última gota de sangue dele”, lembrou.
Passado alguns dias, já numa nova partida por conta do mesmo comportamento houve uma nova discussão e os dois foram às vias de fato e Jheferson levou a pior. Depois deste episódio, vítima e acusado nunca mais se falaram.
Um ano depois, quando se imaginava que este episódio teria sido superado, o bárbaro crime aconteceu. Japiassu trafegava em veículo Gol em companhia de seu primo Alexsandro Sarmento, pela avenida Maria Quitéria, nas imediações do antigo Mega Fest, quando foram interceptados por um veículo D-20, dirigido por Jheferson.
Alexsandro dirigia o Gol. Ao sair para o acostamento, Jheferson emparelhou a caminhonete e atirou nas duas vítimas e fugiu. Japiassu Sales Siqueira Júnior morreu no hospital. Baleado, Alexsandro da Cunha Sarmento sobreviveu.
Jheferson apresentou-se dias depois e alegou legítima defesa, mas faltou às audiências na Justiça e teve a sua prisão preventiva decretada. Ele foi denunciado pelos crimes de homicídio duplamente qualificado e tentativa de homicídio duplamente qualificada.