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PM realiza videoconferência sobre raça, gênero e intolerância religiosa

Policiais militares de Salvador e de 30 outros municípios da Bahia participaram nesta terça-feira (28) de uma videoconferência que teve como tema raça, gênero e intolerância religiosa, realizada no Instituto Anísio Teixeira (IAT), na Avenida Paralela.

A primeira edição da conferência foi acompanhada por aproximadamente 1.200 policiais, que tiveram a oportunidade de assistir às palestras ministradas pelo secretário municipal de Reparação, Ailton Ferreira, e pelo major Paulo Sérgio Peixoto Silva, também conselheiro do primeiro Núcleo Brasileiro de Religiões de Matriz Africana da Polícia Militar (Nafro).

De iniciativa do comandante-geral da PM da Bahia, coronel Nilton Mascarenhas, o evento promovido pelo Nafro integra um conjunto de ações educativas a serem implantadas em 2011, com a intenção de discutir sobre questões étnico-raciais, de gênero e sobre intolerância religiosa para o público interno da corporação.

Para o comandante-geral, a discussão busca instrumentalizar e capacitar os policiais e bombeiros militares para suas atividades rotineiras. “Uma corporação com mais de 185 anos não pode ser atingida por atos isolados. Não basta tomar medidas administrativas punitivas e sim buscar conscientizar através de medidas educativas”, declarou, destacando a filosofia de uma polícia comunitária.

Com a criação, em 2005, do Nafro, a questão étnico-racial ganhou espaço na corporação, inclusive com a inserção na grade curricular do Curso de Formação de Soldados da matéria Educação para Relações Raciais e de Gênero, experiência única nas polícias do Brasil.

Segundo Paulo Sérgio Peixoto Silva, o Nafro é uma conquista de um grupo de policiais militares de candomblé e umbanda que tiveram a oportunidade de se organizar dentro de uma instituição policial militar.

“Essa ideia foi aproveitada em 2007 pela PM de São Paulo e este ano a PM do Rio de Janeiro também já possui esse núcleo”, afirmou o major. Ele destacou que o modelo será adotado pela PM de Sergipe e por um grupo de militares do Exército sediado no Quartel General da Mouraria, em Salvador.



Pioneirismo



De acordo com a capitã Denice Santiago, representante do Grupo Maria Felipa, com a iniciativa, a corporação assume um papel pioneiro para discutir questões culturais da sociedade. “O tema mulher ainda está muito fincado no patriarcado, que a coloca como propriedade e que estabelece que o seu lugar é na cozinha. Ainda é complicado pensar a mulher em locais de comando, estratégicos, de decisão. Precisamos começar a discutir e reeducar esse tema”.

Ela parafraseou Simone de Beauvoir (escritora, filósofa existencialista e feminista francesa), arrematando: “Não se nasce mulher, torna-se. Da mesma forma que não se nasce PM, torna-se”.

“Estamos reconstruindo isso com um evento como este, que propõe em olhar o ser humano de uma maneira integral e única, sem discriminação de raça, cor e gênero”, ressaltou a capitã.

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