Na manhã de quarta-feira (15), Maria Zélia da Silva Castro e Valdemir do Vale Castro, pais de Jullyanderson Ellan da Silva Castro, conhecido como “Lolô”, 21, assassinado na noite do dia 9 deste mês, declararam para a reportagem do Folha do Estado que esperam que a Justiça e o Ministério Público mantenham preso Otávio Gomes da Silva neto, 22, autor do assassinato.
Valdemir conta o drama de presenciar o assassinato de seu filho. “É duro perder um filho, ainda mais da forma como perdi o meu. Vi meu filho ser assassinado e não pude evitar, é muito duro. Eu e meu filho estávamos trabalhando aqui na loja, quando aquele delinquente invadiu o local com a arma em punho. Pensei que fosse um assalto, mas ele mirou para meu filho, falou ‘perdeu, velho!’ e começou a disparar. Depois ele mirou a arma na direção da minha cabeça e atirou. Fiquei alguns segundos parado, até perceber que não havia sido atingido. Foi então que eu joguei um objeto contra ele, que, outra vez, mirou a arma pra mim, mas não atirou. Quando ele guardou o revólver na cintura, parti pra cima dele, consegui imobilizá-lo e, em seguida, amigos e vizinhos vieram me socorrer. Peço para as autoridades manterem esse delinquente preso até ele pagar pelo o que fez”.
Maria Zélia da Silva Castro, mãe de Jullyanderson, também pede às autoridades que mantenham Otávio preso até cumprir o último dia de sua pena. “Ele tem que ser julgado, mas, até o julgamento, ele tem que ficar preso e pagar todos os dias que a sentença determinar. Ele tem que respeitar a memória do meu filho, pois andou dando entrevistas aos veículos de comunicações se fingindo de santinho. O que ele falou é tudo mentira. Era ele que andava fazendo ameaças de morte contra meu filho, por causa de Raiane, a namoradinha dele”.
Zélia também relatou a angústia que viveu no momento do assassinato de seu filho. “Eu estava na janela de casa, quando Otávio chegou de moto. Eu vi quando ele se encostou no nosso carro, na frente da loja, e colocou a mão na cintura. Em seguida, ouvi os disparos. Fiquei louca. Desci as escadas que nem vi. Mas, quando cheguei na loja, meu marido já estava segurando o assassino. Então, corri para ver o meu filho, mas ele já estava agonizando. Ele morreu no meu colo”.
Um amigo de Jullyanderson, que veraneou com ele em Cabuçu e preferiu não ser identificado, contou para nossa reportagem que presenciou o bate boca entre o “Lolô” e o assassino. “Estávamos todos curtindo a praia, quando Otávio passou em uma motocicleta com ela (Raiane) na garupa. Como Jullyanderson a conhecia, brincou com ela. Foi uma coisa simples, um mero cumprimento. Mas Otávio não gostou e começou o bate boca. Na ocasião, ele chegou a fazer ameaça de morte ao meu amigo”. A testemunha das ameaças também falou que, dias antes de ser assassinado, Jullyanderson foi ameaçado com uma arma. “Lolô chegou na minha casa assustado. Ele falou: ‘Velho, aquele cara (Otávio) de Cabuçu puxou uma arma para mim agora há pouco na Queimadinha’. Aí eu falei: ‘Então vá pra casa e vê se não fica de bobeira’”, relatou o amigo de Jullyanderson.
O CRIME
Jullyanderson Ellan da Silva Castro, conhecido como “Lolô”, 21, foi assassinado com vários tiros de revólver calibre 38, no interior da loja onde trabalhava, localizada na Rua dos Maias, bairro São João (antigo Campo do Gado Velho). Segundo a polícia, o autor dos disparos foi identificado como Otávio Gomes da Silva Neto, 22, residente na Rua Torquato, bairro Tomba.
Ainda de acordo com a polícia, Lolô estava trabalhando na loja do pai, onde funciona uma oficina de som automotivo, quando foi abordado pelo assassino, que, sem falar nada começou a fazer os disparos. Jullyanderson, que foi atingido na cabeça e no tórax, ainda chegou a ser socorrido para o Emec, mas não resistiu. Otávio foi perseguido pelo pai da vítima, espancado por populares e depois socorrido para o Hospital Geral Clériston Andrade, onde permanece custodiado por policiais militares.
Jullyanderson residia na Rua dos Maias, no mesmo bairro onde trabalhava. O crime será investigado pelo Serviço de Investigação da 2ª Delegacia, que tem o comando do delegado Madson Sampaio.