O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, foi o convidado do “Bom Dia, Ministro” desta quinta-feira, 18 de dezembro. Durante conversa com profissionais de rádios e portais de várias regiões do país, o chanceler comentou o protagonismo internacional do Brasil na condução de importantes encontros políticos em 2025, além de fazer um balanço das ações do Itamaraty ao longo do ano.
Vieira destacou o peso da agenda internacional não apenas para as relações comerciais, mas também para a projeção do Brasil no cenário global. “O presidente Lula é o maior divulgador do Brasil, e isso é desde o seu primeiro mandato. No terceiro mandato, ele teve um número muito elevado de interlocuções com chefes de Estado. Foram encontros diretos e presenciais com chefes de Estado de 60 países. E ele tem expandido a presença do Brasil, pois o presidente Lula tem muito presente a necessidade do Brasil estar em todos os tabuleiros”, declarou o ministro Mauro Vieira.
Para ilustrar a força dessa ampla presença internacional e seus resultados concretos, Mauro Vieira destacou a expansão do comércio exterior e a abertura de mais 511 novos mercados internacionais entre 2023 e 2025 – mais que o dobro do total registrado entre 2019 e 2022 –, por meio de uma ação conjunta do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).
“O presidente Lula leva o Brasil, com a voz do Brasil, como um país que defende a paz, a cooperação e o entendimento entre as nações, o multilateralismo, todas as iniciativas que dizem respeito ao fortalecimento das instituições multilaterais internacionais, e, além disso, ele é um vendedor do Brasil, também abrindo mercados. Nesta semana, comemoramos 500 mercados abertos durante este terceiro mandato dele. Com todo o governo fazemos um trabalho muito grande de divulgação dos produtos brasileiros, há um grande interesse no mundo inteiro pela segurança alimentar e, nisso, o Brasil também tem um grande exemplo a dar”, exemplificou.
FOCO PARA 2026 — A entrevista de Mauro Vieira ao Bom Dia, Ministro também foi espaço para o chanceler apresentar as prioridades da diplomacia brasileira em 2026. “O foco para 2026 é manter uma interlocução e um diálogo com todos os países. O Brasil é um país que é um ator global, nós temos relações diplomáticas estabelecidas com todos os outros 192 países membros da ONU — e a ONU tem 193. Nossa mensagem será essa: levar a voz do Brasil na defesa do multilateralismo, na defesa das instituições multilaterais que cuidam de aspectos e de áreas que são fundamentais para o Brasil, como a Organização Mundial de Comércio. É importantíssimo ter regras de comércio que deem ordem ao comércio internacional, que haja mecanismos de proteção e de negociação”, projetou para o próximo ano.
BRICS — Em 2025, o Brasil também exerceu a presidência rotativa do BRICS, com a realização da Cúpula dos Chefes de Estado em julho, no Rio de Janeiro. A ocasião reuniu os líderes dos 11 países-membros e dos dez países-parceiros em torno do tema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”.
O objetivo foi fortalecer a cooperação e as parcerias estratégicas entre as nações. A presidência brasileira contribuiu para o avanço do diálogo em temas políticos, de segurança, econômico-financeiros e relacionados à sociedade civil. ”Houve no BRICS no Rio de Janeiro um encontro empresarial relevante, reunindo um grande número de empresários de todos os países membros. É sempre um momento de grande contato, de grande ebulição para todas as áreas, para todos os setores. E, sem levar em conta as importantes decisões tomadas que dizem respeito à intensificação do comércio entre os países do BRICS”, detalhou o chefe do Itamaraty.
O chanceler também apontou a relevância da parceria inédita para a Eliminação das Doenças Determinadas Socialmente, lançada durante o BRICS pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e considerada um marco na agenda global de equidade em saúde.
“Desta vez também foi uma das prioridades brasileiras a discussão da questão das doenças, do combate às doenças derivadas da pobreza, às doenças socialmente determinadas, que foi uma decisão importante, aprovada por iniciativa do Brasil, durante a cúpula do BRICS. Portanto, eu acho que foi excelente ter sediado o BRICS, e foi muito bom ter sido na cidade do Rio de Janeiro, e sei que o legado será importante para as posições do Brasil, do BRICS, e também para a divulgação do Brasil”, afirmou Vieira.
TARIFAÇO — Outro tema tratado pelo ministro das Relações Exteriores foi a política de elevação de tarifas sobre produtos brasileiros, imposta ao Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Após o anúncio de retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, as negociações seguem em andamento para eliminar a alíquota adicional de 22% sobre exportações brasileiras para o país norte-americano.
“A questão de tarifas dos 10% e, em alguns casos, adicionais 40%, eram baseadas, segundo a informação do governo americano, num grande superávit que o Brasil teria com os Estados Unidos e o presidente Lula provou durante encontros com o presidente Trump que era o oposto. Os Estados Unidos têm um superávit com o Brasil nos últimos 15 anos de 410 bilhões de dólares, ou seja, durante 15 anos o Brasil foi transferindo para os Estados Unidos valores que hoje somados dão 410 bilhões. Portanto, não havia também um motivo comercial de um desequilíbrio na balança que justificasse tarifas”, relatou.
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| A entrevista do chanceler Mauro Vieira ao Bom Dia, Ministro foi espaço para apresentação das prioridades do Itamaraty em 2026. Foto: Diego Campos/Secom-PR |
“Isso foi a posição do presidente Lula, muito claro, de que era preciso que fossem suspensas as tarifas e que fossem suspensas as sanções para sentarmos e negociarmos. E nesse ponto estamos. O governo americano suspendeu sanções, colocou em lista de exceções vários itens da nossa pauta, ainda não está toda coberta, mas estamos seguindo para isso, para então sentarmos e negociarmos acessos a mercados dos dois lados, mercado americano por exportações brasileiras e vice-versa e também para discutir temas de interesse bilateral”, declarou Mauro Vieira.